Sou mineira, natural de Uberlândia, nascida em 1975, a terceira filha de quatro irmãos. Venho da terra onde se respeita uma boa conversa, pedimos a bênção dos mais velhos e a refeição favorita é o café da tarde (com bolo, pão de queijo ou broa de fubá). Todo mineiro que se preze faz uma pausa para se sentar à mesa no finalzinho do dia e colocar a prosa em dia com o amigo.
Não trilhei um caminho direto para a profissão de escritora, na verdade dei muitas voltas e os diplomas nada têm a ver com essa carreira: fui engenheira, professora, cozinheira, empresária até que me rendi à essa paixão antiga: escrever. É antiga porque me recordo dos hábitos de criança, lia tudo o que via pela frente, eu simplesmente amava as palavras. Minha fixação por palavras diferentes ia desde a mania de ler dicionário, manuais de eletrodomésticos e as palavras mais divertidas de todas: bulas de remédio _lembro-me até hoje do dia que descobri que o ácido mefenâmico atuava para inibir a dor causada pela liberação da prostraglandina (remédio de cólicas menstruais). Quanto mais difícil de se pronunciar, mais eu gostava da palavra.
A vida foi caminhando, como a de qualquer pessoa comum, no famoso ciclo nasce, cresce, reproduz e morre (mas teve um casamento no meio do processo e a última fase ainda não se concretizou, espero que demore). Na mudança de cidade para continuação dos estudos, conheci minha cara metade, nos casamos, tivemos duas filhas e continuo na mesma cidade desde então: Campinas, estado de São Paulo. Aqui a correria do povo não permite o café da tarde, ainda sinto falta, mesmo depois de 20 anos de vida paulista.
Hoje, trabalho como escritora vivendo uma nova fase de vida, tentando driblar os desafios dessa carreira quase invisível e não tanto glamourosa quanto todo mundo acredita. Mas o saldo é positivo, tenho satisfação de expressar o que vem lá do fundo da alma; as alegrias, dores e experiências dessa jornada ao lado de uma xícara de café com um pedaço de queijo. Conto casos verdadeiros e parábolas de uma mente inquieta, no final das contas, vivo escrevendo e escrevo vivendo.
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