Lia engravidou mais uma vez e deu à luz outro filho. Chamou-o de Judá, pois disse: “Agora louvarei ao Senhor!”. Então, parou de ter filhos.” (Gênesis 29:35)
Viver no mundo digital exige alguns cuidados, principalmente quando seu trabalho lida com redes sociais para ser divulgado e quando parte da divulgação está diretamente relacionada à sua vida. Eu, como escritora, preciso apresentar meu trabalho, meus textos e livros, para isso, tenho que criar conteúdos que influenciem as pessoas que me seguem.
Há algumas décadas seria impossível imaginar algum escritor que não precisasse ter um grande editor por de trás do seu trabalho, promovendo seus livros, divulgando seus textos e fechando contratos. Hoje, posso fazer toda essa parte de forma independente, eu diria que mais “uberizada”, porque algumas burocracias e instituições saíram do caminho do escritor tornando-o independente, mais próximo do seu leitor.
Como tudo na vida, existe o bônus e o ônus, na vida digital não seria diferente. O retorno é super rápido, você fica sabendo, com a distância de alguns cliques, a reação do seu leitor quase que imediatamente após postar alguma mensagem. Mas esse retorno tem criado em muitas pessoas uma dependência de dopamina, uma necessidade de visualizar o tempo todo qual foi a reação do seu público sobre o que você criou. Nada mais é do que nossa necessidade de aceitação, queremos ser aceitos.
Essa “dopamina” por aceitação existe bem antes de termos inventado a energia elétrica, o homem já nasce com essa busca. Só para exemplificar, posso te contar sobre a vida de Lia, a primeira esposa do patriarca Jacó.
Lia foi entregue a ele em casamento, depois dele ter trabalhado por 7 anos a favor de se casar com Raquel (sua irmã mais nova). Na época, Jacó não sabia que o costume era casar a primogênita, depois a caçula era dada em casamento. Lia não teve direito de opinião sobre isso, aceitou o destino de ser a rejeitada e viveu essa amargura por longos anos.
Lia não era amada pelo esposo, mas podia dar à luz, ela engravidou a primeira vez, nasceu Rubén, depois nasceu Simeão e por fim Levi. A cada parto, uma nova esperança: agora meu esposo vai me amar, agora ele vai olhar para mim e vai se lembrar que eu existo. Os seus 3 primeiros filhos tiveram os nomes escolhidos com base nessa amargura, nessa necessidade de aceitação. Por fim, ela engravida pela 4ª vez e decide mudar de postura e escolhe o nome de Judá que significa “agora louvarei ao Senhor”.
Lia, pela primeira vez tira o olhar do esposo e volta seu olhar para Deus, ela desiste de ser aceita por Jacó e aceita ser amada pelo Pai. Os planos do Senhor são tão impressionantes que é dessa tribo que Ele envia o nosso Salvador, que vai nos livrar dessa necessidade de sermos aceitos pelo mundo. É Jesus que percebe nossos “olhos baços”, que como Lia, buscam ser amadas e aceitas por Ele.
(Escrito dia 21/mar/2023)